Reflexões sobre a corrida dos ratos (13/03)

Este post é a parte 3 de 13 da série A corrida dos ratos.

Quando infelizmente já não temos tempo para parar, quando não temos oportunidade de recarregar as baterias numa ilha, em suma, quando estamos presos no labirinto de ratos de laboratório, o nosso cérebro fica confuso e perde o rumo e a sua valores. Com o tempo, isto pode ter consequências muito graves, semelhantes ao que acontece com os ratos de laboratório, com um resultado quase semelhante, excepto talvez por terem as suas entranhas espalhadas ao ar livre, e novamente.

Ao perseguir o sucesso, ao querer viver o mesmo estilo de vida e com os mesmos atributos dos exemplos dados na mídia, o ser humano se esgota. Se ele não consegue dar um passo atrás em suas ações e pensamentos, então ele está caminhando para uma ladeira escorregadia cujo resultado não é muito agradável.

Quando nos perdemos no caminho, tendemos a nos apegar a qualquer coisa ou a alguém. É então grande a tentação de nos deixarmos guiar por princípios que vão contra os nossos valores, desde que possamos ter a impressão de sair do impasse. A porta fica então aberta para ideias extremistas, assassinato ou suicídio.

Não é por acaso que a radicalização, seja de natureza política ou religiosa, seja tão bem sucedida entre um número cada vez maior de jovens no Ocidente. Através de princípios simples e aparentemente claros, dá-lhes a impressão de os recolocar no caminho certo e, portanto, de sair da Corrida dos Ratos.

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Não é à toa que se baseia na erradicação de qualquer coisa ou pessoa ligada ao modo de vida ocidental e, portanto, à sociedade de consumo. Ao eliminar as causas que aparentemente nos teriam desviado do caminho certo, seríamos, de acordo com este princípio, capazes de voltar a concentrar-nos em nós mesmos, acalmar a nossa agitação interior e encontrar a serenidade.

O problema é que, ao procurarmos causas externas, estamos apenas substituindo um atrativo, o do consumo, por outro. Ambos os casos, consumir ou travar uma guerra pelas próprias ideias ou pela fé, implicam de facto trabalhar, muito arduamente, por vezes até à morte. Em ambas as situações também nos esquecemos de procurar as causas do problema dentro de nós.

Sejamos francos: o rato de laboratório não tem chance de sair vivo, mas é ainda pior se ficar agitado, motivado pela cenoura ou pelo bastão. Ele faria melhor em ficar quieto e refletir sobre seu destino.

 

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