Diário de um futuro reformado (44)

Esta publicação constitui a parte 43 de 86 da série Diário de um futuro pensionista.

JornalTornar-se uma cigarra não é assim tão fácil quando se é uma formiga trabalhadora há muitos anos. À primeira vista, pode pensar-se que basta entrar em modo de férias, de óculos de sol, espreguiçadeira e cocktail na mão. É certo que esta é uma forma de se desprogramar da sua vida antiga, mas não é suficiente: tem de mudar a sua mentalidade de uma forma profunda e permanente.

Uma tal reviravolta não acontece de um dia para o outro. É toda uma parte da nossa personalidade que tem de mudar. Se me lembro de como passei lenta e insidiosamente dos dias despreocupados da juventude para as "responsabilidades" da idade adulta, posso imaginar que a mudança inversa levará bastante tempo.

De um ponto de vista estritamente "técnico", alcançar a independência financeira é um processo a longo prazo, mas não é assim tão complicado. Por outro lado, entrar em modo de anuidade exige uma profunda mudança de personalidade. Mesmo que o caminho seja agradável, porque vai na direção certa, há sempre o risco de nos perdermos pelo caminho. Mudar de comportamento aos 20 anos é fácil, mas aos 40 é muito mais difícil, e isto sem contar com os anos seguintes.

É por isso que sempre acreditei que a independência financeira é um estado de espírito e não um estado de facto. É preciso passar de modo de anuidade assim que se aperceber de que é necessária uma mudança na sua vida, e não espere que essa mudança ocorra. Desta forma, deslizará lenta e seguramente em direção à independência financeira, com alguns solavancos no caminho, mas sem uma verdadeira crise de identidade.

LER  5h: quando o cansaço dá lugar à gratidão

Hoje, estou bem avançado na minha busca, recebo cada vez mais rendimentos passivos e começo gradualmente a libertar-me do mundo profissional. Sei, no entanto, que nada é garantido e que ainda tenho um longo caminho a percorrer para me desligar completamente dele, seja a nível financeiro ou psicológico.

Não sou o gafanhoto de outrora e ainda não sou o gafanhoto de amanhã. Mas o importante é que hoje deixei a formiga para trás. E espero nunca mais a voltar a ver. Obrigado, formiguinha, por todo o trabalho que fizeste. Obrigado por teres poupado e investido o meu dinheiro com sabedoria. Agora podes ir descansar e eu posso começar a desfrutar dele 🙂

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