No artigo sobre finanças comportamentais do mês passado, inspirado em grande parte por um curso que fiz ministrado por Hersh Shefrin (1), curso ele próprio baseado no livro escrito por esse professor universitário, deixei um suspense insuportável ao não falar especificamente sobre dividendos. Então é por esta vez!
Os dividendos, ou melhor, o amor de certos investidores pelos dividendos, também têm um lado interessante se colocarmos o chapéu de especialista em finanças comportamentais. Em primeiro lugar, mantendo-se tudo igual, deveríamos preferir uma empresa que não paga dividendos a uma que o faz por razões fiscais. Com efeito, num sistema perfeito, os dividendos não pagos e, portanto, reinvestidos na própria empresa, não são tributados uma segunda vez pelo seu destinatário e devem, sempre num mercado eficiente, aumentar o preço das ações na mesma medida. Como não há ganho de capital na Suíça, o cálculo é feito rapidamente: são 35% (!) de impostos ganhos (obviamente dependendo da taxa marginal em que nos encontramos, então pode ser ainda mais), menos obviamente o dreno de riqueza, mas que é significativamente menor. Noutros países o cálculo é um pouco diferente, mas mesmo em países onde as mais-valias são tributadas, geralmente são tributadas menos do que o rendimento, pelo que o raciocínio ainda se aplica.
Parece haver duas razões principais pelas quais os dividendos são tão atraentes:
Todos nós fazemos 'contas virtuais' nas nossas mentes e temos a tendência de atribuir certos fundos e certos rendimentos a certos destinos específicos: uma conta de 'férias', uma conta de 'reforma', uma conta de 'poupança', etc.… os dividendos são, portanto, alocados da mesma forma a uma conta específica e, portanto, não têm na mesma 'conta virtual' que o capital. Autorizamo-nos assim a utilizá-los e gastá-los. Por outro lado, se fizessem parte do capital, a sua utilização exigiria a venda de títulos e os títulos estão precisamente numa outra conta ‘virtual’, a fortuna. Essa separação mental e teórica é essencial para nossa paz de espírito. E essa é a tranquilidade que o investidor médio procura. A maioria de nós faz de tudo para organizar nossas finanças de forma que nos tragam o máximo de satisfação e o mínimo de decepção.
O que nos leva à 2ª razão: odiamos (várias pesquisas o comprovam) mexer em capital para despesas correntes, existe uma aversão natural e humana que nos impede de tirar capital para financiar o nosso estilo de vida. A venda de capital parece causar dor da mesma forma que a perda de uma ação causa dor. Os dividendos, tal como os juros das obrigações, cumprem este papel das despesas correntes e permitem uma drenagem “indirecta” de capital. Os títulos também são um exemplo interessante, quando sabemos que no longo prazo são: 1) mais arriscados que as ações e 2) têm um retorno menor. Os retornos (juros ou dividendos) preenchem uma necessidade psicológica que o crescimento do capital e a subsequente venda de títulos não preenchem.
Você se reconhece?
1] Além da ganância e do medo, entendendo as finanças comportamentais e a psicologia do investimento, Hersh Shefrin, Oxford University Press
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Com certeza, me reconheço como Armand. Eu 100% concordo. Não só é uma conta mental separada, mas com o tempo adquire mais importância do que a do capital. Assim nos preocupamos menos com variações nos preços das ações, o que muitas vezes leva a escolhas erradas (vender ou comprar na hora errada). Além disso, você realmente recebe seus rendimentos periodicamente, sem precisar se preocupar se terá que vender parte do seu ganho de capital ou não, já que isso acontece de forma automática. Não podemos, portanto, dizer que o investidor orientado para os dividendos nunca obtém os seus ganhos, pelo contrário, obtém-os constantemente, sem fazer nada e sem sequer se preocupar com isso. Artigo muito bom mais uma vez, obrigado por esse insight.
aposentado, concordo com os DVDs, também dá para ter lucro
É importante que a tomada compense os DVDs por quanto tempo, é um cálculo a ser feito
Não tenho muito tempo para ir ao fórum verificar se já não está online, mas pesquisando no Google me deparei com essa ferramenta para visualizar mais de 10 anos (é um pouco curto mas temos o crash de 2008 incluído, isso é já é) a taxa!
crescimento do rendimento
http://www.dividendladder.com/tools/dividend-history/
Site interessante. Um pouco de competição nunca é ruim. É uma boa fonte de informação, mas ainda tenho algumas dúvidas sobre a sua classificação e classificação.
Sim em grande estilo existem outros, mas é o visual da progressão dos dividendos que eu procurava,,, além disso se alguém souber de outros,,,, 😉?
investidor em dividendos
Yahoo Finanças
ou dividendos.ch…